Uma visita ao meu passado amoroso
Eu não acredito que toda história de amor comece com uma história digna de cinema. Às vezes, nossos amores nascem de uma maneira aleatória e sem o glamour das telonas.
A prefeitura de Cannes me convidou para assistir a um show (chique, né?!) e ao receber a mensagem lá pelo Instagram, eu aceitei o convite na hora, passei o meu e-mail para eles e pronto. É claro que eu fiquei bem feliz e honrada, mas eu nem parei para pensar direito. Eu estava provavelmente fazendo 8 coisas ao mesmo tempo (história da minha vida!).
Eu juro que até o final da Newsletter você vai entender o motivo desse assunto estar em pauta aqui hoje.
Primeiramente, deixa eu contar para vocês que show é esse.
É o show de abertura do congresso MIDEM. E aí, a pergunta que vocês me fazem é: mas o que é esse tal de MIDEM?
MIDEM é o Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical. Não é um festival de música, é uma feira gigantesca que acontece desde 1967 para os profissionais da indústria da música. É o maior evento da área.
Durante alguns dias, em Cannes, o mundo da música se reúne para se informar das últimas tendências, expandir a rede de contatos internacionais, descobrir novos artistas, assinar contratos, e por aí vai.
E como nós estamos falando de um evento ligado à música, é claro que os longos dias de negociações acabam com shows.
O show da abertura, para o qual eu fui convidada, foi com o francês Jean-Michel Jarre - um dos grandes nomes da música eletrônica.
Agora que vocês já sabem o que é o tal do MIDEM, quero explicar a pauta da Newsletter.
Enquanto eu preparava o look para o show, eu fui visitar um pouco o meu passado e lembrei que eu já tinha participado do congresso LÁÁÁÁÁ em 2011. Eu estava durante o meu segundo intercâmbio na França e ganhei um convite para um pequeno show que teve num hotel por aqui.
E aí, por razões aleatórias, eu fiquei com vontade de dividir com vocês um pouquinho do início da minha história com a França.
Essa é uma pergunta que sempre aparece lá no Instagram, mas que é humanamente impossível de responder de maneira resumida. Eu poderia fazer um vídeo de 1 hora, mas vou tentar contar isso em algumas Bienvenews.
Eu sou 100% curitibana. Aos 17 acho, acho que eu nunca tinha ido nem para Santa Catarina sozinha. (Que eles não leiam isso: mas mamãe era BEM tranquilinha, mas papai era mais complicado e protetor com a filha mais nova!)
Eu estava no ensino médio, e como eu não fazia muita coisa da vida, meu pai “me aconselhou” a começar a estudar uma língua estrangeira. Eu me considerava uma aluna OK. Eu fazia ensino médio técnico e além de matemática, física, química (nenhuma saudades), eu estudava Publicidade e Propaganda. A gente tinha MUITA coisa para fazer por causa do ensino médio técnico, mas errado o meu pai não estava. É verdade que eu tinha o hábito de passar as tardes olhando para o teto ou para a televisão.
Agora, chega o momento de maior desilusão de quem acha que eu comecei a estudar francês por um motivo bem nobre.
Eu comecei com esse “empurrãozinho” do meu pai e a escolha do idioma foi mais ou menos assim:
- inglês: não porque eu já tinha feito um cursinho na FISK;
- espanhol: não porque eu nunca achei bonito e acaba sendo parecido com o português. Se eu tivesse passando fome em algum lugar eu ia conseguir pelo menos ler um cardápio;
- italiano: língua bonita, porém só é falada na Itália.
- alemão: nossa, bem capaz mesmo. Não acho bonito e é difícil demais.
- francês: ah, francês é bonito... É falado na França, na Bélgica, na Suíça, no Canadá, em alguns países da África... Acho que vou estudar francês então.
E assim começou uma das minhas maiores e mais importantes histórias de amor. Um começo tão emocionante quanto dar um match no Tinder.
Fui lá, me inscrevi, e bem linda com minha carinha de adolescente e morreeeeendo de vergonha, eu ia para o curso. Toda terça e quinta, das 14h às 16h30. Tem gente que não acredita, mas eu nasci tímida. A espécie só evoluiu e hoje, eu não tenho a menor vergonha na cara.
Enfim...
Eu gostei da língua francesa logo de cara, mas eu achava muito difícil. Muito. No dia que começamos a estudar o passado, eu cheguei atrasada e quando vi o quadro todo cheio de explicações, eu pensei: fudeu, vou desistir. (Não sei se a gente pode falar palavrão em Newsletter, mas tá aí.).
Mas como toda brasileira, eu não desisti. Eu estudava muito. Ficava conjugando muito verbo, escrevendo textos aleatórios, fazia as lições todas. Eu não acho que tinha facilidade, mas era bem esforçada.
Eis que um dia, durante a aula, a curitiboca que “malemal” tinha saído do seu bairro, ouve a professora falar de um curso de francês em Cannes. Numa escola que fica de frente para o mar...
Eu ia dizer que o resto da história vocês já conhecem, mas é mentira. A história é grande, linda, cheia de babados, mas a continuação fica para uma próxima newsletter.
Eu comecei falando do show, expliquei o congresso de música, decidi contar a minha vida, contei SÓ o episódio de como eu comecei a estudar francês e já até chorei.
A gente se vê nas próximas newsletters com 6 pautas diferentes.
O que mais me chocou foi o cabelóóóón! hahahaha porque o resto da história, eu amei!
Um e-mail e a vida toda muda .... A gente não sabe, definitivamente, o poder que nossas decisões e ações têm. Eu tô amando essa "News".