A ilha dos monges e do bom vinho
Um canto paradisíaco pouco conhecido em Cannes e uma reflexão sobre felicidade.
Quando eu fui nomeada embaixadora Côte d’Azur, o Comitê Regional do Turismo me pediu para preencher um questionário que iria ao ar no site deles junto com uma foto oficial minha.
Eu lembro de ter passado bastante tempo em algumas perguntas porque eu tinha dificuldades em achar as palavras certas (e porque eu não queria fazer feio), mas teve uma pergunta que eu respondi em menos de 5 segundos.
A pergunta era: Qual é o seu lugar preferido da Côte d’Azur?
A minha resposta foi (e ainda é): Eu me sinto ligada à várias cidades e lugares da região, mas a Ilha Saint-Honorat é um lugar único. A gente se sente tão bem lá... É um refúgio de paz, uma beleza paradisíaca.
A Ilha Saint-Honorat faz parte do arquipélago das Ilhas de Lérins. A outra ilha do arquipélago é a Sainte-Marguerite (onde está a prisão da lenda do máscara de ferro).
Por diversos motivos que eu vou compartilhar com vocês, a Saint-Honorat ganhou meu coração há alguns anos e acho que pode (nem que seja virtualmente) ganhar o seu também.
A ilha é pequena. Em 30 minutos você pode dar uma volta completa por ela e apreciar paisagens de tirar o fôlego. Uma beleza selvagem, cheia de flores, cores e no meio de todos os azuis do mar mediterrâneo.
A história dela é bem antiga. O primeiro mosteiro da ilha foi construído no ano 410.
Hoje, ao passear pela ilha, você vai ver o mosteiro construído no século 11 e que abriga 21 monges. Você vai poder andar pelo vinhedo dos monges e até provar um vinho na loja. Há muitos anos eles produzem vinho e licor na ilha, mas essa atividade se tornou profissional nos anos 90.
É claro que a ilha é um lugar turístico, mas acredito que a grande maioria dos turistas da Côte d’Azur não está necessariamente procurando paz e um mosteiro para visitar. Côte d’Azur é sinônimo de badalação, curtição e agitação.
Então, acredito que esse seja um dos motivos pelos quais a ilha não seja tão turística assim e consegue manter um ambiente de paz mesmo durante o verão.
Eu já fui lá no verão, no inverno, bem cedo, à tarde, com chuva, com sol. E sempre tive o mesmo sentimento: estar num refúgio de paz mesmo estando a 20 minutos da badalada Cannes.
Esse é o meu lugar quando eu não estou me sentindo muito bem e quero espairecer. E esse é o meu lugar quando eu estou me sentindo bem e quero agradecer.
Eu me “obrigo” a ir sozinha à ilha pelo menos uma vez por ano. Para passar um momento comigo, no meu lugar preferido, sem fazer nada demais. Só sentar numa pedra e curtir a paisagem (e os pensamentos).
A minha última visita à Saint-Honorat foi, inicialmente, por motivo de trabalho, mas eu me organizei para conseguir curtir (e refletir). O pessoal da comunicação de Cannes pediu para eu criar um conteúdo respondendo à uma pergunta X e escolhendo um lugar da cidade para mostrar... O bom de ser apegada é que entra ano e sai ano e minhas respostas são as mesmas.
Eu já tenho muita foto e vídeo da ilha, mas aproveitei a oportunidade para fazer a minha visita anual e refazer conteúdo / memórias.
Eu acho que esses momentos com nós mesmos deveriam ser obrigatórios.
Eu sei, nós estamos em 2023 e a vida parece uma constante maratona. Tem o trabalho, a família, as crianças, os amigos, os vizinhos, o cachorro da tia para cuidar, a planta que você não pode deixar morrer, tem até grupo no WhatsApp do pessoal do condomínio...
Tem muita coisa para os outros e com os outros. Tem pouca coisa para nós e só com nós.
É um privilégio ter um momento desses numa ilha paradisíaca no Mediterrâneo, eu sei. Mas a gente não precisa disso tudo. Pode ser apenas uma pausa em um parque. Um momento em um café. Uma tarde num canto bonito da sua cidade. Pode até ser dentro da sua casa.
Só você. Sem música, sem celular, sem ficar olhando para o relógio. Momentos olhando para o nada, momentos olhando para si. Respirar fundo e sentir o prazer de estar apenas com na sua própria companhia.
É impossível ser feliz sozinho, mas é imprescindível ser feliz sozinho para ser feliz sempre. Não esqueçam !
Informações importantes para o seu passeio na ilha Saint-Honorat
A saída de barcos acontece no porto de Cannes e todos os dias do ano;
Em 2023, a travessia de barco custa 18 euros (16,50 se você comprar on-line);
A ilha conta com um restaurante, uma lanchonete e duas lojas de produtos dos monges;
Desde 2019, não tem mais lixeiros na ilha. Traga o seu lixinho na sacola e jogue fora ao chegar em Cannes;
Você pode curtir as pequenas praias da ilha, mas ao andar por lá, é preciso estar com vestimentas apropriadas. Nada de já pegar o barco de biquíni;
O vinho dos monges não é barato, mas é de ótima qualidade. Vale a pena.
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Amei seu texto, Bianca! Sou apaixonada pela França, morei durante 4 anos aí (Grenoble, Toulouse e Bordeaux) e seus textos sempre me dão um quentinho no coração 💜Infelizmente não fui para a região de Côte D’Azur, mas “viajo” junto com seus textos e fotos. Fora a parte “revivendo a França”, gostei especialmente nesta edição da chamada para o autocuidado e para os momentos de bem-estar consigo mesma. Todos nós precisamos tanto disto!! Parabéns pela Bienvenews 😊
Bianca, vc é sinônimo de Cote D’Azur pra mim! Eu falo para o meu marido: qdo voltarmos a Cote vamos visitar o local x e y que a Bianca falou. Ele me pergunta se a Bianca é minha amiga e eu digo
Que sim 🤣🤣🤣🤣🤣🤣
Mas, sério! Eu vejo os seus stories todo os dias (dos meus dois perfis), então, de verdade: me sinto superrrrr próxima!!!! E já quero conhecer a Ilha também ❤️❤️